sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O sofrimento de um dia de trabalho, parte 1

Todos os dias ao amanhecer, faço um pequeno esforço para me levantar e emprego uma grande quantidade de atp's para pensar que hoje será realmente um dia diferente. Mas para minha não surpresa, os fatos cotidianamente se repetem, como uma magia. Como ainda não tenho carro, preciso utilizar o transporte público, confesso que o mundo é o palco de nossas vidas, ou da maioria, alguns ainda não perceberam que vivem com muitas outras pessoas, eu acredito que são pessoas, alguns pensam que os outros são et's, como tal não merecem o mínimo de urbanidade. Vamos lá, na parada de ônibus é o verdadeiro samba do crioulo doido, ninguem se encontra, a ordem da redução do sofrimento é de que as crianças e os idosos tenham o merecido direito de subirem primeiro, mas se você estiver nessa situação, em algumas cidades das mais de 5400 existentes no Brasil, e as que dispõem desses serviços, sabem a realidade, os idosos e as crianças que se cuidem, ou serão literalmente pisoteadas, acredito que não é por falta de educação, pois nesse sentido a falta é limitação da educação, compreendo que seja ausência de sensibilidade educativa, essa passada, transmitidas pelos nossos educadores, ou seja, nossos familiares, que nos trasmitem valores.
Raridade falar sobre essa responsabilidade familiar, em tempos modernos, a figura da família cada vez mais massacrada pelos apelos da mídia, que tenta desconfigurá-la colocando sua importância no ômega da prioridade, valorizando os alfas dos trabalhos dos pais, que buscam desesperadamente a realização no trabalho, e cada vez dedicando cada vez menos horas a família, como isso a convivência tem ficado para um boa noite e um bom dia, quando se pode. Cotididanamente as famílias estão ficando só com a segunda parte do nome milhas e milhas distantes do convívio, para muitos economistas é uma boa, assim não tem tempo para terem filhos, e trabalham cada vez mais, mesmo que não atinjam um bom rendimento, por concentrarem parte de seus pensamentos na família, mas no geral compensa-se pelas horas trabalhadas na empresa, que deslocam seus funcionários cada vez mais longe do local de origem da família. Aí, é perceptível o atropelamento nas portas dos ônibus.
Olha que isso é só o começo das agressões, ainda tem o capataz dos empresários de ônibus, que disponibilizam seu trabalho para além de sua competência, é vc sabe quem são os cobradores dos coletivos, essas figuras cada vez mais amada pelos estudantes, ficam verificando se o rosto do aluno é igual ao da carteira se não for, só faltam dar voz de prisão em flagrante, infeliz do aluno que resolver cortar o cabelo, e continuar a usar a carteira antiga. Provavelmente será vítima da cortesia do cobrado. Agora os outros como no meu caso que não tenho carteira de estudante.
Quando vou pagar a passagem, vem as seguintes perguntas, você tem 5,10,25 ou 50 centavos, ou seja, todas as moedas para que possam me passar o troco, e pasmem, se não tiver tenho que ficar na frente esperando e dói ver tantas pessoas sentadas, e imaginar que não tem 20 ou 30 centavos para me darem de troco, então como tenho que descer e não pretendendo dar uma volta completa no interior do ônibus por não ter esse tempo disponível, tenho que passar e olhar para o cobrador que nem se quer me olha, pois é comum, fico a pensar que no final do mês com todos esses 20 0u 30 centavos, é quase ou mais que o meu salário. E essa história toda é só o ínicio das tribulações.
Penso também que meus 20 centavos ou 50 não valem muito, pois escuto de outros passageiros, em um tom não tão forte, mas sensível aos meus ouvidos, "fazendo questão de tão pouco dinheiro", faço de conta que não escuto, e penso que o dinheiro para uns dependendo do momento vale mais ou vale menos, e duro pensar que se não tiver o valor exato da passagem, não terei como seguir viagem.